Salim Mattar, colocado no cargo de Secretário Geral de Desestatização, leia-se assaltador oficial do patrimônio público, disse durante evento em Brasília, na terça-feira (12), que pretende “reprivatizar a Vale”.
Dono da Localiza e o quarto maior doador das campanhas bolsonaristas, num total de R$ 2,9 milhões, ele deve estar zombando das vítimas de Mariana e Brumadinho, os dois maiores crimes ambientais já ocorridos no Brasil, depois que a Vale do Rio Doce foi privativada em 1997.
Demonstrando mau caratismo ou ignorância – ou, mais provavelmente, os dois – Salim afirmou que a empresa atualmente “é uma estatal porque é comandada por fundos de pensão patrocinados pelo governo”.
Pura sem-vergonhice. Os investidores estrangeiros na bolsa são donos de 47,7% do capital da Vale e os brasileiros de apenas 13,2%. A Mitsui e o Bradesco juntos têm 11,4%. Os fundos de pensão são donos de 21% das ações da empresa. A Vale, portanto, está mais longe de ser estatal do que o Salim, da realidade.
E, mesmo que os fundos de pensão tivesssem esse peso todo que ele afirma, quem disse que os recursos dos servidores públicos, recolhidos aos fundos de pensão para garantir suas aposentadorias futuras, pertencem ao governo?
É público e notório que Paulo Guedes& Cia estão de olho nesses recursos, mas não para abastecer os cofres do país. Não para se dirigirem a investimentos públicos, mas sim para alimentar a especulação financeira e engordar os interesses privados, seus, e de seus patrocinadores.
A revista global de língua inglesa, Financial Times, sediada em Londres e um dos principais porta-vozes dos parasitas e especuladores globais, sabe muito mais que o Salim está mentindo. A publicação está careca de saber quem são os donos de fato da Vale.
Logo que a lama começou a descer da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, matando pessoas e destruindo tudo pela frente, ela saiu em defesa fervorosa de Fabio Schvartsman, o ‘executivo de mercado’ que preside a empresa.
Enquanto o número de mortos não parava de subir na mina, a publicação rasgava elogios ao presidente da Vale, dizendo que ele é o “grande responsável pelo vigoroso aumento dos lucro e dividendos recebidos pelos acionistas da mineradora nos últimos anos”.
Com essa conversa fiada de reprivatizar, o que o dono da Localiza quer mesmo é se cacifar junto aos cartéis privados que almejam elevar o assalto dos minérios e outras riquezas do Brasil. O alugador de carros advoga mais desnacionalização, mais extração e mais desastres. É para isso que ele foi colocado neste cargo.
Ao invés de apontar as falhas que levaram ao assassinato de centenas de pessoas, Salim quer mais ganância e mais crimes ambientais. Os rompimentos de barragens foram provocadas pela busca frenética do lucro máximo, típica dos monopólios privados.
A “economia” de gastos com segurança, a falta de manutenção dos equipamentos, etc, surgidos com a privatização da Vale, é que provocaram os assassinatos. Quando a Vale era, de fato, estatal, esses crimes não ocorriam.
Os acionistas privados, defendidos por Salim, querem o lucro máximo. Se isso provocou a morte de famílias inteiras em Mariana e Brumadinho pouco importa. Salim defende mais “negócios”, mais ganância, mais extração, mais entrega do patrimônio, mais desastres.
Ele é um açambarcador profissional escalado para roubar o povo. Durante a palestra, o secretário disse que o objetivo do governo Bolsonaro é privatizar ou extinguir “substancialmente” todas as estatais.