Os reitores das universidades federais se reuniram, nesta terça-feira (16), com o ministro da Educação Abraham Weintraub para receber o anúncio de uma “reforma administrativa” nas instituições federais de ensino. Na porta, estudantes que se manifestavam contra a privatização da educação superior pública foram reprimidos pela Polícia Militar do Distrito Federal.
A reunião ocorre após convocação realizada pelo ministro bolsonarista, Abraham Weintraub, para anunciar o plano de “reformulação” do ensino federal, retirando o caráter público das instituições e permitindo a liberação de parcerias privadas.
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Para Antônio Gonçalves, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (Andes), a expectativa é de que “vai ser anunciada a implementação de um projeto bastante perverso para o ensino superior. Pelo que parece, eles vão dar a opção para que as instituições, hoje sufocadas financeiramente, tenham a opção de ser geridas por Organizações Sociais (OSs) e organizações ditas de apoio”.
“Isso significa a terceirização das instituições federais, das universidades, dos institutos e também de todas as coisas decorrentes disso. Flexibilização das leis trabalhistas, precarização de nossos postos de trabalho”, afirmou.
“Esse projeto não é de interesse do povo brasileiro e estamos aqui, hoje, defendendo as nossas bandeiras, as instituições públicas gratuitas, laicas, de qualidade e socialmente referenciadas”, concluiu.
REPRESSÃO
Estudantes e professores de todo o país passaram o dia em frente ao Ministério da Educação se protestando contra a privatização do ensino superior e entregando um manifesto para os reitores que entravam para a reunião, até que, por volta das 16:30, a Polícia Militar do Distrito Federal usou gás de pimenta e cassetetes para dispersá-los.
De acordo com o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Mantovão, “enquanto Weintraub chega para os reitores com um projeto já pronto, sem chance de conversa, e nós nos manfestávamos aqui em frente do Ministério da Educação, a Polícia veio nos retirar na base da violência”.
“Esse governo não tolera a democracia. Eles precisam entender o significado de diálogo e que a democracia ainda existe em nosso país, muito embora eles queiram acabar com ela. Querem voltar para a ditadura militar”.
“Nós estávamos entregando nossas cartas para os reitores de forma absolutamente pacífica e eles tentaram nos retirar à força, esse é o papel que tem cumprido esse governo. Mas os estudantes não vão abrir mão da educação. Vamos derrubar esse ministro que não entende nada de educação”, concluiu.
O diretor da UNE Guilherme Bianco disse que “de forma muito pacífica e tranquila nós estávamos conversando com os reitores das universidades dos institutos federais, colando cartazes contra a cobrança de mensalidades e a privatização”.
“Infelizmente a política do ministro e do Bolsonaro é a da violência, a do não-diálogo, nos agredindo com spray de pimenta e cassetetes. Até prenderam um companheiro nosso”, afirmou.
“Diversas viaturas chegaram violentando os estudantes em frente ao MEC. Ficou um cenário caótico e o uso de força foi completamente desproporcional”, comentou Nayara Souza, presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP).
“Viemos nos manifestar pela manutenção do caráter público das universidades e contra os cortes do ministro Weintraub, mas ele, de forma covarde, se esconde se utiliza da PM para não ter diálogo”, completou.