O governador eleito de São Paulo João Doria (PSDB), já importou três ministros do governo Temer (PMDB) para compor seu secretariado. Além do ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), que irá para a Casa Civil, farão parte do próximo governo paulista, Rossieli Soares (Educação) e Sérgio Sá Leitão (Cultura).
O anúncio aconteceu nesta terça-feira (6) no escritório de Doria e, segundo ele, a escolha dos secretários se dá por conta do currículo. “Aqui, nós não vamos pensar pequeno”, disse o governador eleito.
Durante a campanha eleitoral, Doria usou a gestão Temer para atacar adversários. Em debates e programas de rádio e TV, por exemplo, buscou desgastar seu adversário na corrida estadual, Paulo Skaf (MDB), ao associá-lo ao presidente da República.
Ele chegou a fazer propagandas na TV acusando Skaf de esconder Temer, o que irritou o atual presidente, que chegou a fazer um vídeo direcionado a Doria. “Você tem usado a propaganda eleitoral e inserções para fazer críticas diretas ou indiretas ao meu governo. Ou seja, está se desmentindo, porque, ao longo do tempo, você, inúmeras vezes, elogiou o meu governo”, disse Temer.
O ex-prefeito da capital paulista, também não manifestou incômodo com o fato de trazer para a Casa Civil do estado, o ministro Gilberto Kassab. Em setembro, ele se tornou réu na ação do Ministério Público de São Paulo, pelo recebimento, via caixa dois, R$ 21 milhões durante campanha para prefeito em 2008. Segundo ele, as acusações contra Kassab não influenciarão em nada no mandato.
“SEM PARTIDO”
Durante a coletiva em que anunciou Rossieli como seu secretário, Doria defendeu ainda o projeto Escola Sem Partido, que está em tramitação na Câmara dos Deputados. “Escola é lugar de aprender. Não é lugar de fazer política. Escola sem partido. Essa é a minha posição”, disse o governador eleito.
Ao seu lado, o atual ministro da Educação considerou o projeto de lei é “desnecessário”. “Não precisamos”, resumiu.
“Acho que a escola ou universidade não pode ser partidarizada, mas não precisamos ter uma lei para isso. Já é proibido utilizar estruturas públicas, por exemplo, para propaganda política”, disse Rossieli em entrevista para a Agência Brasil.
Recentemente, Rossieli criticou a atuação da deputada estadual eleita por Santa Catarina Ana Caroline Campagnolo (PSL), que pediu a estudantes para delatar e denunciar professores. Segundo Rossieli, estudantes e pais podem fazer denúncias para a direção da escola e para as secretarias de educação se constatarem abusos.