Com faixas, cartazes e palavras de ordem, os jornalistas, gráficos e trabalhadores do setor administrativo demitidos pela Editora Abril, realizaram protestos em frente à gráfica do Grupo Abril, em São Paulo, na última sexta-feira (14), pelo pagamento imediato das rescisões trabalhistas, que somadas chegam R$ 110 milhões.
“Temos filhos, temos família e os donos da Abril estão passeando no exterior enquanto não temos dinheiro para colocar comida em casa. Isso é uma imoralidade, uma vergonha e estamos aqui sob a chuva protestando porque a família Civita não paga o que deve”, disse Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e também jornalista da editora.
A Editora Abril demitiu mais de 800 funcionários de uma só vez, no dia 6 de agosto, após o fechamento de 11 revistas e entrou com um pedido de recuperação judicial faltando apenas um dia para o prazo final de pagamentos das verbas rescisórias de direito dos trabalhadores.
Segundo o Sindicato, os trabalhadores reivindicam o pagamento imediato dos direitos e a inclusão na lista de credores. “A manifestação começou ao meio dia e, no mesmo horário, trabalhadores da Abril no bairro do Morumbi, na zona sul, desceram do prédio em solidariedade aos colegas demitidos e dispensados”, disse Flaviana Serafim, integrante da entidade.
Serafim destacou ainda que “do total, são 804 celetistas demitidos que não receberam verbas rescisórias, nem a multa de 40% do Fundo de Garantia. Outras centenas foram demitidos desde dezembro passado, com verbas rescisórias parceladas em dez vezes, mais vários profissionais freelancers que foram dispensados também em agosto último – todos tiveram seus direitos trabalhistas desrespeitados pela editora, que empurrou os pagamentos devidos ao incluir os valores na dívida da recuperação judicial, no último dia 15 de agosto, sem prazo para quitação” denunciou.
A manobra realizada pelo Grupo Abril para dar o calote, é um mecanismo judicial que favorece a empresa na sua reorganização econômica, administrativa e financeira com intermédio da justiça, ou seja, no português claro, o mecanismo garante que a empresa possa não cumprir, com direitos trabalhista e de não pagar seu credores.