“Foi a detenção de famílias por Obama que criou o cenário para a separação de famílias por Trump”, afirmou o professor e escritor César Cuauhtémoc Garcia Hernández. Apesar dos democratas posarem de defensores dos imigrantes, na realidade foi a lei aprovada por Obama no seu segundo mandato – que tornou crime reentrar no país após deportação – que está servindo para Trump cometer sua truculência contra os imigrantes e separar as famílias.
Inclusive Trump no fundamental já encontrou pronta a rede de centros de detenção usadas agora em escala maior. Foi assim que Trump pôde partir para sua política de “tolerância zero” contra chicanos pobres na fronteira e ainda atribui aos democratas, embora sem agradecer explicitamente, a excelência xenófoba da lei pré-existente. Como o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos já esclareceu, imigrar sem documentação não é crime.
Como se diz, Trump está fazendo no maior embalo o que Obama fazia quase de coração partido. Afinal, não foi Obama o presidente recordista absoluto em deportações, com 2,7 milhões de expulsões de imigrantes? Recorde iníquo, mas difícil de bater.
Quando começou a torrente de jovens migrantes e famílias em 2014, Obama começou a separar famílias, com a mãe com filho num canto e o pai em outro. Contratou uma prisão privada a uma hora de San Antonio, com 2.400 leitos, que se tornou tristemente famosa como a ‘baby jail’. Seu chefe da Homeland também se gabou no Senado da “agressiva estratégia de dissuasão” dos ilegais.
Mas o assédio dos democratas aos imigrantes não começou aí. Em 1993, sob uma presidência e Congresso democratas, o Senado aprovou por 95-4 o drástico aumento das penas para os “reentrantes ilegais”.