A foto do G7 com todos sorridentes e acenando mal durou 24 horas, e não foi possível mais disfarçar o rotundo fracasso da cúpula dos países imperialistas mais ricos, após o presidente norte-americano Donald Trump , que saíra antes do final, tuitar no sábado (9) chamando o anfitrião, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, de “desonesto e fraco” e anunciar que tinha mandado retirar o endosso ao comunicado final. Tudo o que este fizera fora repetir o que dissera antes, que não podia aceitar as sobretaxas unilaterais de Trump e ia retaliar no montante de US$ 16,6 bilhões.
Até então, os demais líderes haviam achado que a casa ainda estava de pé, abalada, mas de pé. Após a tuitada, o Palácio do Eliseu, sede do governo francês, emitiu nota dizendo que “a cooperação internacional não pode depender de ataques de raiva e palavras mesquinhas”, e exigindo que “sejamos sérios e dignos de nossos povos”. A primeira-ministra alemã, Ângela Merkel, declarou que “a retirada, por assim dizer, via tweet é … séria e um tanto deprimente”.
Antes, Trump dissera aos repórteres que os EUA não iam ser mais “o cofrinho que todos estão roubando”. Como se não tivessem sido exatamente os EUA que provocaram essa situação, após Nixon rasgar o acordo de Bretton Woods e consagrar o exorbitante privilégio de pagar tudo com papel pintado – e não mais dólares que podiam ser convertidos em ouro -, e fazendo dos seus déficits gêmeos, fiscal e comercial, o “motor” da globalização, da desindustrialização interna e da metástase do rentismo.
Com os superávits obtidos pelos outros países nas exportações aos EUA retroalimentando a especulação em Wall Street, gestando uma crise atrás da outra desde 1987, e os EUA, de maior credor do planeta pós-II Guerra, transformado no maior devedor. Agora vem Trump e diz que a culpa é dos outros, como se não fosse os EUA que mandassem no FMI, no dólar, tivesse imposto as normas da OMC, as patentes e todo o resto, e que nas últimas décadas se declarasse a “nação indispensável” e o mundo unipolar.
Assim, a verdadeira foto da cúpula no Canadá é aquela em que Merkel e Trump se encaram na maior tensão, com todos os demais líderes em torno, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe consternado – talvez quando Trump voltou a ameaçar de sobretaxar os carros importados, o terror da Alemanha e do Japão. Além da chiadeira contra as sobretaxas sobre o aço (25%) e o alumínio (10%), os países europeus ainda estão ameaçados de também sofrerem sanções se comerciarem com o Irã, porque Trump rasgou o tratado que Obama assinou.