O movimento sindical respondeu aos ataques da chapa Bolsonaro/Mourão ao 13° salário, colocando em risco o pagamento aos trabalhadores. Em vigor desde 1962, só no ano passado injetou R$ 200 bilhões na economia (3,2% do PIB), por meio do pagamento a mais de 83,3 milhões de brasileiros, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos.
Mourão é reincidente nos ataques ao 13º salário e ao abono de férias. No Dia 26 de setembro, em palestra a dirigentes lojistas de Uruguaiana, Rio Grande do Sul afirmou: “Temos algumas jabuticabas que a gente sabe que são uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Se a gente arrecada 12, como é que nós pagamos 13? É complicado. E é o único lugar onde a pessoa entra em férias e ganha mais. A legislação que está aí é sempre aquela visão dita social, mas com o chapéu dos outros, não é com o chapéu do governo.”
No dia 2, ao desembarcar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o general voltou a criticar os benefícios.
Em nota, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes questiona: “Vamos entregar o comando do País para essa dupla anti-social, sem noção alguma sobre o que é realmente importante para a retomada do desenvolvimento?”.
As declarações do Vice de Bolsonaro atacando o 13º geraram indignação nos Metalúrgicos de Guarulhos. Em nota da entidade, assinada pelo presidente José Pereira dos Santos, o sindicato afirma que, “o fim do 13º salário seria uma tragédia nacional”, retomando as lutas sindicais que culminaram na garantia do direito e alerta sobre a retração do mercado interno, “que já é um flagelo social”.
O presidente do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo, Pedro Afonso Gomes, em entrevista a Agência Sindical, comenta que “a rigor, o 13º salário não é um custo adicional para a empresa, porque já está incluído no orçamento. A empresa se programa no início do ano pra esse pagamento”.
Ele alerta também que “o 13º é o sustentáculo das vendas do final de ano. Muitas vezes o trabalhador já consumiu parte dele com o crédito. Mas ele usa, exatamente, pra voltar a ter poder de compra”. “As vendas do Natal representam 20% do total do volume anual. O 13º é parte integrante das vendas. Além do que gera emprego, no comércio e também na indústria”, completa Pedro.
Walter dos Santos, presidente do Sindicato dos Comerciários de Guarulhos, também ressalta a importância do 13°para a economia com as vendas de fim de ano e para o trabalhador como motivação: “O 13º salário é a injeção de ânimo para o trabalhador e também para o comerciante. O trabalhador paga dívidas e volta a consumir. O comerciante aumenta as vendas”.
“O benefício também faz crescer a oferta de empregos porque, se as vendas aumentam, o comércio contrata”. E completa: “Assim é a roda positiva da economia. Se cortar salários e direitos, o trabalhador não gasta, não compra, não consome. Quem perde primeiro é o comércio”.