
Um dia depois de denunciar um golpe na Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), o embaixador Mário Vilalva foi demitido da presidência da agência, que tem um orçamento de R$ 795 milhões, oriundo do Sistema S.
Vilalva, ex-embaixador brasileiro na Alemanha, no Chile e em Portugal, declarou, após sua demissão, que “eu me recusei a participar de um esquema que achava absolutamente imoral”.
“Eu já estava resistindo desde que cheguei à Apex e notei que eu não havia sido contratado para cuidar de comércio exterior. Fui contratado para cuidar de uma determinada pessoa que tem lá dentro”.
Vilalva referia-se a Letícia Catelani, nomeada diretora de Negócios da Apex por indicação de Eduardo Bolsonaro.
Com 40 anos na carreira diplomática, inclusive diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty durante seis anos (2000-2006), Vilalva descreveu seu choque com os protegidos dos Bolsonaro – e do ministro Ernesto Araújo:
“Foram 90 dias de muita agonia, muito bombardeio e desavenças internas. Eu tentei, seja pelo diálogo, pela conversa, mostrar que é importante observar normas, leis e procedimentos. Mas as pessoas não querem saber, elas têm suas agendas próprias e nem querem que um sujeito da minha idade fique lembrando a eles que este tipo de comportamento é necessário.”
Na segunda-feira (08/04), Vilalva descobriu que Araújo mudara o estatuto da Apex, registrando as mudanças em cartório, para retirar poderes do presidente da agência e transferi-los para os diretores indicados por Eduardo Bolsonaro – Letícia Catelani e o diretor de Gestão, Márcio Coimbra.
Segundo o novo estatuto, os demais diretores (Catelani e Coimbra) não estão mais subordinados ao presidente da agência.
“Realmente não compreendo esse tipo de postura por parte do ministro, esse tipo de atitude que eu considero mais um golpe, de fazer na calada da noite uma modificação profunda no estatuto para me tirar poderes e dar esse poder para pessoas que não estão preparadas. [pela mudança de estatuto] Eles são livres e sem restrição para fazer as loucuras que quiserem”, declarou Vilalva, na segunda-feira.
O mais embaraçoso, disse o embaixador, é que ele somente descobriu a alteração feita por Araújo nos estatutos da Apex, devido a uma denúncia anônima.
“Você imagina um ministro de Estado fazendo uma coisa dessas, com o conluio do advogado da Apex, que era subordinado a mim? Esse governo não pode fazer esse tipo de coisa”, disse Vilalva.
Catelani e Coimbra, definiu Vilalva, são “despreparados, inexperientes, inconsequentes e irresponsáveis”.
Catelani é uma discípula do astrólogo Olavo de Carvalho, uma pessoa “infantil, despreparada para o cargo, desrespeitosa e ineficiente”.
O embaixador citou vários fatos que comprovam a sua constatação. Um deles foi a nomeação, por ela, de vários gerentes “que não se comunicavam com o restante da Apex”. Um deles era um integrante do PSL que não tinha curso superior, o que é proibido pelos estatutos da agência:
“Eu chamei a atenção dela para o fato, mas ela ignorou. Era um absurdo contratarmos uma pessoa sem curso superior, o que, além de ferir os estatutos da agência era um desrespeito com os concursados, muitos dos quais têm doutorado e pós-doutorado”.
Vilalva também lembrou o episódio da delegação do PSL que foi à China, quando Olavo de Carvalho berrou pela Internet que os deputados bolsonaristas eram comunistas infiltrados no PSL.
Catelani aderiu à campanha do astrólogo, ridicularizando os parlamentares pelo Twitter.
“Veja se isso é coisa de uma diretora de Negócios da Apex fazer”, comentou o embaixador.
No fim da tarde de de terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores publicou uma nota: “Como parte do processo de dinamização e modernização do sistema de promoção comercial brasileiro, o ministro das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo, anuncia a exoneração do Embaixador Mário Vilalva da presidência da Apex”.
A decisão foi tomada após consulta a Bolsonaro.
OUTRO
Vilalva é o segundo presidente da Apex a ser demitido em três meses e nove dias de governo Bolsonaro.
O primeiro foi Alex Carreiro, assessor do PSL no Congresso, indicado por Eduardo Bolsonaro (v. Presidente da Apex sai do governo uma semana após assumir e Presidente demitido da Apex ganha como prêmio de consolação assessoria do PSL no Senado).
Vários colunistas, na quarta-feira (10/04), comentaram que a Apex se tornou o “parquinho ideológico da juventude olavista”.
Com um orçamento de R$ 795 milhões.
Às custas das contribuições das empresas para o Sistema S.
C.L.
Esperp que p atual tome providências sobre este absurdo da APEX. E que não repita os mesmos erros dps governos anteriores.
Que é isso, leitor? Nenhum governo anterior nomeou tantos irresponsáveis para a Apex.
Orestes Correia não escreva aquilo que vc nao conheceu de perto.A apex durante governos petistas deram muito retorno ao país. Varias vezes fui convidada a participar dr mussoes.Sei o que estou falando.Va analisar nossa balança comercial neste periodo.
Isso é o que estamos sabendo agora. Imaginem o estrago q essa trupe do Olavo/Bolsonaro está fazendo em todos os Ministérios e lógico, ao país. Meus Deus, esse pesadelo não acaba?
Não sabe o que diz.
O circo pegando fogo e queimando as coxadas !!!
Eu avisei !!!
Avisou?