Professores venezuelanos foram até a sede administrativa da Zona Educativa de Caracas, nesta quinta-feira, para reivindicar a demissão do ministro Aristóbulo Istúriz, exigir o pagamento de benefícios trabalhistas e “salários justos e dignos” e protestar contra os “salários de fome”.
Apontando Istúriz, como o “único professor milionário do país”, em meio ao aprofundamento da crise, os docentes denunciaram o atropelo do governo Maduro à legislação que garante a imobilidade laboral – que impede demissões até 2020 -, com a dispensa de quem solicita repouso médico e a não remuneração.
“Aristóbulo é um traidor. Como pode deixar mulheres grávidas e professores doentes sem salários, sem bônus vocacional? Isso é um crime, porque com isso está tirando o dinheiro do pão e da arepa das nossas famílias. Isso não se faz ao pior dos inimigos, muito menos a um colega”, denunciou, dedo em riste, a aposentada Elza Castillo.
Conforme Griselda Sánchez, da Federação Venezuelana de Professores, os salários aviltados e as más condições em que foram jogados os estabelecimentos de ensino vêm tendo papel central nas manifestações que se espalham, na capital e no interior, para exigir “dignidade”.
Com um cartaz reproduzindo seu holerite, a professora Lourdes Villarroel afirmou que o governo Maduro fragilizou o direito à saúde dos educadores e inviabilizou a educação no país quando iguala o salário de um profissional com doutorado ao de um trabalhador comum, “todos extremamente baixos”. “Nós vamos morrer de fome aqui”, acrescentou.
De acordo com os manifestantes, o descompromisso com a educação e o brutal arrocho fez com que 2.000 professores já tenham abandonado as salas de aula, apenas na capital. Segundo denúncias, as escolas públicas cumpriram apenas 70% do calendário escolar correspondente ao período letivo 2018-2019, havendo casos em que os estudantes tiveram aulas em somente 60 dos 202 dias programados.
Os professores também apontam a crise, as falhas elétricas, a falta de gás doméstico, a escassez de transportes e a carência de recursos como as principais causas do absenteísmo estudantil.