A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira (5), o restabelecimento da prisão preventiva de Jorge Theodócio Atherino, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Ele é o operador financeiro do esquema de propina do ex-governador do Paraná, Beto Richa (PSDB).
Atherino foi preso em 11 de setembro do ano passado, na 53ª fase da Operação Lava Jato. Desde então teve vários pedidos negados para responder o processo em liberdade. No entanto, graças a uma liminar deferida em habeas corpus pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli, durante o plantão judiciário, ele obteve a substituição da pena por medida cautelar diferente da prisão.
No agravo regimental apresentado ao STF, Raquel Dodge solicita a reconsideração da decisão de Toffoli ou que o pedido seja apreciado pela Primeira Turma. Segundo a procuradora, há perigo de que em liberdade, o réu continue a cometer crimes.
“Há fortes indícios de que grande parcela dos recursos ilícitos obtidos pelos envolvidos, entre eles Jorge Atherino, ainda permanecem ocultos, no Brasil e no exterior, podendo ser usufruídos e dilapidados por eles, caso permaneçam em liberdade”, explicou. O caso será examinado pelo ministro Luiz Fux, relator do caso na Primeira Turma do STF.
Segundo as investigações, Jorge Atherino recebeu R$ 3,5 milhões em espécie, em setembro e em outubro de 2014, oriundos de propina paga pela Odebrecht. O pagamento foi uma contrapartida à concessão da obra de duplicação da rodovia PR-323 ao consórcio comandado pela construtora.
As movimentações financeiras estão registradas em cópias de e-mails; em documentos e planilhas referentes à PR-323 com o apelido Piloto; em dados obtidos com a quebra dos sigilos telemático e bancário do empresário e de seus familiares; em celulares apreendidos, registros de entrada na empresa e agendas pessoais.
Empresário de Curitiba, com relação próxima ao ex-governador Beto Richa, Jorge Atherino desempenhava papel relevante dentro do esquema criminoso, agindo como intermediário do grupo nas solicitações e no recebimento de parte das propinas pagas pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Era ainda responsável pela disponibilização, ocultação e dissimulação dos valores.
Leia mais: