A médica pediatra Mayra Pinheiro foi convidada pelo futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), para assumir a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (STGES), no futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL). Ela ganhou projeção por se opor à participação de médicos cubanos no programa Mais Médicos e organizou protesto contra a chegada deles no Ceará.
Com a indicação, ela terá sob a sua tutela o mesmo programa, alvo de suas críticas.
Mayra ficou conhecida nacionalmente após ser fotografada vaiando e xingando os médicos cubanos que chegavam ao Estado sob os gritos de “escravos”. O protesto foi organizado pelo Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec). Mayra presidiu o sindicado de 2015 a 2018 e desde então, continuou criticando a atuação dos profissionais cubanos.
A pediatra agora nega que tenha participado dessas manifestações. Na época, ela afirmou que a categoria não se opunha ao programa, mas à forma como foi implantado.
DISTANTE DA REALIDADE
O ministro da Saúde de Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista à colunista da “Folha de São Paulo”, Mônica Bergamo disse que é necessário aguardar o prazo final de inscrição no edital do Programa Mais Médicos antes de uma avaliação.
Ainda assim, ele admite que ainda está “distante da realidade” uma afirmação de que a situação está resolvida.
“Estou olhando com atenção e muito ciente de que a ideia de que está tudo resolvido está distante da realidade”, afirmou Mandetta.
O governo divulgou de maneira antecipada que 97% das vagas deixadas pelos cubanos já estão “preenchidas”, mas o próprio Mandetta vê o dado com cautela. “Tem que ver se isso vai ser concretizado”. É preciso saber se os brasileiros inscritos vão se apresentar para trabalhar.
“O problema pode ser o preenchimento de vagas nas áreas de difícil provimento, que muito provavelmente não serão ocupadas”, alerta.
Até esta terça (4), dos 34.653 médicos brasileiros inscritos para ocupar as 8,5 mil vagas do programa, apenas 3.276 já haviam se apresentado ou iniciado as atividades. Segundo o ministério da Saúde, 200 médicos já desistiram e suas vagas serão disponibilizadas novamente.