A indicação, feita pelos investigados da Lava Jato, Michel Temer e Moreira Franco, do engenheiro Ivan Monteiro, para substituir o tucano tresloucado Pedro Parente na presidência da Petrobrás, sinaliza, tanto para a continuidade da política de preços abusivos praticada até agora, quanto para a manutenção dos planos de desmonte e venda de ativos da estatal a preço de banana. Monteiro veio da administração petista. Era o braço direito do presidiário Aldemir Bendine, indicado por Dilma, e depois virou homem de Pedro Parente.
Monteiro é considerado o principal mentor do plano de desinvestimento que levou à queima de ativos da Petrobrás. A meta era vender US$ 15,1 bilhões entre 2016 e 2018. Bendine, amigo de Dilma, trouxe Ivan Monteiro junto com ele do Banco do Brasil para a Petrobrás. Ele levou a fama de “vendine”, mas quem comandava de fato a queima de patrimônio era Monteiro. Na verdade, como se viu depois, Bendine sempre esteve muito ocupado recolhendo propina. Pediu R$ 3 milhões para a Odebrecht quando era presidente do BB e recebeu R$ 1 milhão quando estava na presidência da Petrobrás. Está condenado a 11 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.
Não é à toa que, assim que Parente conheceu o que o “petista” Monteiro fazia na Petrobrás, se apaixonou por ele. Monteiro foi vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores de 2009 a 2015 no Banco do Brasil (BB) – época em que Bendine ocupava sua presidência. Antes de atuar no BB e na Petrobrás, Ivan de Souza Monteiro ocupou cargos executivos de instituições do mercado financeiro. Foi também membro do Conselho de Administração das empresas Banco Votorantim, BV Participações, BB SH-2 MAPFRE, Ultrapar e BB Seguridade. Ele teve papel de destaque no “saneamento” do Banco Votorantim, que resultou na demissão de 40% dos funcionários. Quando da privatização da Liquigás, houve denúncias de que Monteiro, que conduzia a negociata, tinha sido do Conselho de Administração da Ultrapar, virtual compradora da estatal. O negócio acabou não sendo concretizado.
Foi de Monteiro a ideia de depreciar o valor dos ativos da estatal e negativar o balanço da empresa. Bendine primeiro, e Parente depois, aplaudiram a ideia. O então diretor financeiro da estatal aplicou o chamado teste de recuperação de valor (impairment), o que significa redução do valor recuperável de um bem ativo. Na prática, houve um prejuízo contábil nos três anos que se sucederam a sua entrada na empresa. Entre os anos 2014 e 2017, o impairment foi de R$ 44,64 bilhões, R$ 47,68 bilhões, R$ 20,30 bilhões e R$ 3,9 bilhões, respectivamente.
O vice-presidente da Aepet, Fernando Siqueira, denunciou na época a manobra contra a Petrobrás: “A Petrobrás teve um lucro em 2015 de R$ 15 bilhões. Bendine fez uma desvalorização de ativos (impairment) de R$ 48 bilhões. Então, o lucro que era de R$ 15 bilhões passou a ser um prejuízo de R$ 33 bilhões. Assim, passou-se a ideia de que a Petrobrás estava quebrada e tinha mais é que vender tudo”.
Essa era a senha para desmontar a empresa em nome de um suposto “saneamento” de suas contas, que nada mais era do que sabotar a petrolífera brasileira. Monteiro e Parente seguiram adiante e anunciaram a antecipação de um “acordo” criminoso de R$ 11,198 bilhões para encerramento da ação coletiva de investidores nos Estados Unidos (class action). Além disso, o executivo defendeu a adesão a programas de regularização de débitos federais, que somaram mais R$ 10,433 bilhões. Ou seja, depois de ser assaltada pelo “Cartel do Bilhão” e seus partidos de estimação (PT, PMDB e PP), a Petrobrás foi novamente saqueada por Parente e Monteiro.
Em suma, o que essa indicação de Michel Temer e Moreira Franco para a presidência da Petrobrás demonstra é que, mais do que a continuação da política de destruição da estatal seguirá. Ela revela de forma cristalina que não há a menor diferença entre as políticas do PT e do PSDB para a estatal do petróleo. Afinal, Temer está utilizando tanto os quadros indicados pelos tucanos (Parente) quanto os “técnicos” de confiança do PT (Monteiro) para seguir sabotando a Petrobrás. Se não vejamos.
Parente era pau mandado de FHC. Foi seu “ministro do apagão”. Sabotou a Petrobrás. Provocou prejuízos bilionários para a empresa. Entregou campos de petróleo. Com Dilma no governo, Bendine, que era homem de confiança dela e de Lula, assume a Petrobrás. As privatizações prosseguem. O Campo de Libra é entregue. Bendine também provoca prejuízos bilionários na empresa, antes de ser preso. E o fato é que ele trouxe Ivan Monteiro para agir junto com ele. Os dois passam a sabotar a Petrobrás.
Quando Bendine e sua protetora Dilma caíram, Pedro Parente volta para a Petrobrás, por indicação de Temer e do PSDB. O tucano Parente e o “técnico” da administração petista, Ivan Monteiro, que era homem de confiança de Bendine, começam um verdadeiro caso de amor. Monteiro permanece no cargo a pedido de Parente. Por fim, quando Parente cai por causa de sua truculência na defesa das multinacionais, quem é indicado pelo peemedebista Temer, com todo o apoio de Parente? O homem de confiança de Bendine e de Dilma, Ivan Monteiro. Ele, que se transformou no braço direito de Parente, e portanto das multinacionais, e que agora é “homem de confiança” de Temer e Moreira, vai continuar agindo na Petrobrás. Como vemos, PT, PSDB e PMDB usam as mesmas pessoas e as mesmas políticas na Petrobrás e no Brasil, ou seja, apesar de aparentarem diferenças em questões secundárias, esses partidos são idênticos na sua submissão às multinacionais.
SÉRGIO CRUZ