O desabamento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) irá completar a segunda semana e o número de mortos já sobe para 150. A informação foi atualizada pelo Corpo de Bombeiros em entrevista coletiva no início da tarde desta quarta-feira (6).
Dos 150 corpos resgatados, 16 ainda não foram identificados, enquanto outras 182 vítimas continuam desaparecidas. Neste 13° dia de buscas, as equipes de resgate contaram com um efetivo de 379 homens e mulheres, entre bombeiros militares e também voluntários civis. A rotina de trabalho se inicia às 5 da manhã e só é encerrada às 20 horas.
Segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros o tenente Pedro Aihara, as buscas na região ainda continuarão por tempo indeterminado e, diariamente estão sendo monitoradas as condições climáticas da região.
“Não haverá o término das operações. Pela característica da área e quantidade de corpos, a operação ainda levará um tempo”, assegurou. A previsão meteorológica aponta a ocorrência de chuvas nos próximos 10 dias, o que dificulta o trabalho dos bombeiros.
Fiocruz: Rompimento aumentou riscos de surtos de doenças
Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgado na terça-feira (5) alerta para a possibilidade de surtos de doenças como dengue, febre amarela e esquistossomose em consequência do rompimento da barragem de Brumadinho. Segundo os pesquisadores, as alterações geradas no meio ambiente pelo impacto da lama seriam a causa do risco de doenças.
Para o pesquisador Christovam Barcellos, titular do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz, a degradação do leito do Rio Paraopeba, poluído pelos rejeitos, e de seu entorno vai produzir alterações significativas na fauna, flora e qualidade da água, como perda de biodiversidade, mortandade de peixes e répteis. “A bacia do Rio Paraopeba é uma área de transmissão de febre amarela e um novo surto da doença não pode ser descartado. É urgente a vacinação da população”, disse.
Ainda segundo ele, no caso da esquistossomose, o risco ocorre, conforme o estudo, principalmente se for levado em consideração que grande parte do município de Brumadinho e municípios ao longo do Rio Paraopeba não é coberta por sistemas de coleta e tratamento de esgotos. “A transmissão de esquistossomose é facilitada pelo contato com rios contaminados por esgotos domésticos e com presença de caramujos infectados”, explicou o pesquisador.