Com o anúncio da Ford de que vai fechar a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) ainda este ano, os 3.200 funcionários da empresa decidiram ontem (19), em assembleia na empresa, entrar em greve imediatamente.
A montadora americana informou esta semana que o fechamento da Planta do ABC paulista “é uma reestruturação global, e que vai deixar o mercado de caminhões na América do Sul”. A direção da multinacional também afirmou que a manutenção das operações da fábrica “exigiria um grande investimento” e que “não havia um caminho viável para a lucratividade”.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão, a notícia foi recebida com indignação e revolta. “Em janeiro fizemos uma assembleia na portaria da fábrica, decretamos o estado de luta e pedimos que uma reunião acontecesse para que a Ford deixasse claro qual era a sua real intenção em relação à planta de São Bernardo do Campo”.
Segundo ele, os trabalhadores foram pegos de surpresa quando se depararam com o anúncio da empresa. “A decisão, que não considera cada trabalhador direto ou indireto, que serão atingidos por uma empresa que quer visar o lucro somente, foi recebida com indignação e revolta”, diz o sindicalista.
A decisão, que além dos metalúrgicos, afetará cerca de 24 mil empregos indiretos, entre fornecedores e distribuidores, foi tomada na sede dos Estados Unidos e comunicada na terça-feira (19) à unidade de São Bernardo.
“Nós lutamos, fizemos de tudo para que isso não ocorresse. E não dá para ter uma notícia dessa e achar que dá para continuar trabalhando. Precisamos ir todos para a casa e retornar na semana que vem. Até lá é greve”, disse José Quixabeira de Anchieta, coordenador-geral do Comitê Sindical na Ford.