Milhares de coletes amarelos se manifestaram em várias cidades da França no vigésimo terceiro sábado consecutivo, especialmente em Paris, onde houve enfrentamentos entre manifestantes e policiais.
O protesto na capital começou com as reivindicações a favor de um aumento do poder aquisitivo e democracia direta, mas os policias que se apresentavam como defensores da ‘segurança social’ agrediram os manifestantes com disparos de granadas, gás lacrimogêneo e bolas de aço cobertas de borracha, no centro da cidade, entre as praças da Bastilha e da República.
Os manifestantes se concentraram em frente ao Ministério da Economia para iniciar uma marcha até os arredores da catedral de Notre-Dame, que sofreu um incêndio na última segunda-feira, 15 de abril.
A maioria dos presentes no protesto expressou sua tristeza pelo incêndio ocorrido no monumento nacional, que destruiu o teto e a torre, mas também questionam as doações para a reconstrução do recinto feitas por magnatas, que pedem ao governo a dedução de impostos, enquanto suas demandas sociais continuam sem resposta.
“Sobre Notre-Dame, é bom que os milionários tenham conseguido arrecadar 1 bilhão de euros, mas para as 140 mil pessoas sem casa, o mundo está se lixando!”, escreveram os organizadores do protesto em Paris no site organizado no Facebook.
“É uma estratégia do governo para vender-nos melhor seu programa eleitoral, que acabamos de denunciar durante a manifestação”, comentou Jérôme Rodrigues, um dos líderes do movimento.
Um grupo de manifestantes encapuzados respondeu com enfrentamentos corpo a corpo, lançaram pedras, bengalas e bombas molotov, e montaram barricadas em distintos pontos da urbe. Foram detidas 227 pessoas e praticados mais de 20 mil 500 controles preventivos, informou a polícia em comunicado.
A radicalização dos protestos foi provocada pelo cancelamento do “Grande Debate Nacional”, ideia do presidente Emmanuel Macron para tentar resolver as reivindicações dos integrantes dos coletes amarelos.
Tinha sido acertado pelo governo e os líderes do movimento anunciar até o fim de abril medidas negociadas nas reuniões do “Grande Debate Nacional”. No entanto, o presidente francês desmarcou os encontros após o incêndio em Notre-Dame.
Os coletes amarelos, que já derrubaram o aumento do preço do diesel e forçaram Macron a vários recuos a contragosto, seguem exigindo sua renúncia, a restauração do imposto sobre fortunas, que ele aboliu, e a instauração de um mecanismo de consulta popular.