Na quarta fase da operação Registro Espúrio, que investiga desvios de dinheiro da Conta Especial Emprego e Salário (CEES), do Ministério do Trabalho, a Polícia Federal pediu a prisão do advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz, bem como do chefe de gabinete do Deputado Paulinho da Força (SD), Marcelo de Lima Cavalcanti. A conta é composta pela contribuição sindical dos trabalhadores.
A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, que realizou 16 mandatos de busca e apreensão em São Paulo, Brasília, Goiânia, Anápolis e Londrina, incluindo o escritório de Tiago Cegraz, e nove ordens judiciais de prisão. Os crimes investigados são os de corrupção ativa e peculato, apropriação indevida de dinheiro público.
A Procuradoria Geral da República (PGR) diz em nota que “parte dos valores descontados dos trabalhadores era apropriada pelos integrantes da organização, que burlavam a pirâmide do sistema sindical brasileiro. Para viabilizar os repasses, o grupo registrava confederações de sindicatos de um estado em outro. As investigações preliminares apontaram que os investigados chegaram a atuar na elaboração de portarias que poderiam facilitar os recebimentos indevidos.
Entre os nove mandados judiciais de prisão está o do sócio de Tiago, o advogado Bruno de Carvalho Galeano, que também é suspeito de desvio de dinheiro das CEES, ou seja, dos trabalhadores.
Acusados também de facilitar registro de sindicatos no Ministério do Trabalho, os advogados seriam ligados ao Deputado Federal Paulinho da Força, Solidariedade de São Paulo e presidente nacional da sigla, que pleiteia a reeleição nesse ano. O pedido de prisão de Tiago Cedraz, feito pela PGR, foi negado por Fachin.
Cedraz foi nomeado para representar a Força Sindical em grupo de trabalho montado no Ministério do Trabalho para viabilizar os repasses das contribuições sindicais retidas na Caixa Econômica Federal e ocupa a secretaria de Assuntos Jurídicos do Solidariedade. Bruno passou a contribuir com o grupo de trabalho que deve decidir os rumos de R$ 500 milhões a serem repassados para as centrais sindicais.
A investigação tem como base a delação premiada de Renato Araújo Junior, ex-coordenador de registro sindical, que atendia aos pedidos de Roberto Jefferson e Cristiane Brasil, além de informações coletadas em medidas cautelares em quebra de sigilo e busca e apreensão.
Em agosto desse ano, a procuradora geral da república, Raquel Dodge, denunciou pessoas que fazem parte de um esquemão que atua no Ministério do Trabalho, dentre esses estão: o presidente do PTB, Roberto Jefferson, o ex-ministro do Trabalho de Temer, Helton Yomura, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), que Temer queria que fosse a substituta de Yomura, Jovair Arantes (PTB-GO), Nelson Marquezelli (PTB-SP), Paulinho da Força (SD-SP) e Wilson Filho (PTB-PB).
No começo deste mês, Fachin determinou a abertura de inquérito para investigar o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e sua chefe de gabinete, Vivianne Lorenna Vieira, por suspeita de corrupção e associação criminosa, ainda no âmbito da Operação Registro Espúrio. Também foram abertos outros dois inquéritos envolvendo os senadores Cidinho Santos (PR-MT) e Dalírio Beber (PSDB-SC) e outro envolvendo os deputados federais Wilson Santiago Filho (MDB-PB), Jovair Arantes (PTB-GO), Nelson Marquezelli (PTB-SP), Cristiane Brasil (PTB-RJ) e Paulinho da Força (SD-SP).