Depois de dezenas de mulheres denunciarem João de Deus por assédio sexual, Dalva Teixeira, sua filha, veio a público revelar que foi abusada pelo próprio pai.
A afirmação foi feita em entrevista gravada em 2016 por uma rádio de Goiânia e exibida pelo Jornal da Record na noite desta terça-feira (11). “Ele é manipulador. Ele é mau. Ele é estranho, é diferente. Eu já pedi muito a Deus que ele se arrependesse do que fez e faz”, afirmou Dalva Teixeira no vídeo. Segundo ela, sua mãe havia tido um relacionamento breve com o médium e ela só conheceu o pai quando tinha 10 anos. “[Quando o conheci], ele tirou minha roupa toda, tirou a dele e ficou a noite inteira me molestando”, afirmou.
De acordo com Dalva, os casos de abuso se repetiram por quatro anos. “Isso foi até os 14 anos, quando então eu me casei para sair de casa.” Ela conta que o pai reagiu com violência ao saber do casamento. “Me bateu muito, muito. Eu fui parar no hospital”.
Dalva hoje pede uma indenização de R$ 50 milhões numa ação judicial de reparação por danos morais sofridos em razão de estupro continuado num processo que corre sob sigilo em Goiás.
Segundo divulgou a Rede Record, Paulo Henrique Ronda, filho de Dalva, também gravou entrevista em 2016 contando ter sido espancado por capangas do avô após ter ido à Justiça contra ele. “Bateram em mim e no meu irmão. Eram pistoleiros, e um deles disse: ‘Não é para matar. É só para dar um susto para eles saberem que estão mexendo com peixe grande'”, afirmou.
Thiago Mendes, o jornalista que realizou a entrevista com Dalva, afirmou ter sido aconselhado por familiares, na época, a não divulgá-la. “Foi por isso que eu guardei e agora, com [os outros casos] vindo à tona, eu decidi publicar”, afirmou.
A Record exibiu ainda um segundo vídeo, gravado por Dalva em 2017, em que ela aparece ao lado do pai e afirma nunca ter sido abusada por ele. Segundo Marcos Bocchini, advogado de Dalva, ela gravou esse vídeo coagida pelo pai.
A notícia vem logo após uma série de denúncias de violência sexual por parte do João de Deus. Nesta segunda-feira (10), no primeiro dia de trabalho da força-tarefa do Ministério Público de Goiás (MPGO), 40 mulheres se apresentaram como vítimas dos abusos do homem. Desse total, 35 fizeram contato pelo e-mail criado exclusivamente para essa finalidade: denuncias@mpgo.mp.br. A expectativa é que sejam colhidos os depoimentos nos próximos dias para que o MP concretize a denúncia.