Uma escola e um posto de saúde da aldeia Bem Querer de Baixo, na região de Jatobá, em Pernambuco, foram incendiados na noite de domingo (28). Os prédios estavam localizados numa área de conflito dentro da Terra Indígena dos Pankararus, localizada na região do médio do São Francisco em Pernambuco. Ninguém ficou ferido no ataque criminoso.
Segundo lideranças indígenas, a principal suspeita é retaliação de posseiros, que podem estar colocando medo na comunidade indígena depois que Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito presidente da República.
Em nota, divulgada pela comunidade Pankaruru, o povo indígena lamenta a perda de uma estrutura valiosa e pede investigação dos culpados e justiça.
“Hoje nosso povo acorda com uma escola e um PSF destruídos pelo fogo do ódio, preconceito e da intolerância. A comunidade é uma das principais áreas de conflitos entre indígenas e posseiros e onde recentemente tivemos ganho de causa pela reintegração de posse da nossa reserva”.
“Os maiores prejudicados são as crianças sem escola nas vésperas do fim do ano letivo, a comunidade sem o PSF [programa saúde da família] onde eram realizados cerca de 500 atendimentos mensais e a nossa alma que é constantemente ferida, machucada, mas jamais silenciada. Que se faça a devida investigação, que os culpados sejam punidos, que haja justiça! Hoje, mais do que nunca, resistir é a palavra de ordem”, afirmaram em nota, os representantes da comunidade Pankaruru.
MATO GROSSO DO SUL
Também no domingo, ao menos dez indígenas foram feridos ao serem atingidos por tiros de balas de borracha, em um acampamento ao lado da aldeia Bororó, em Dourados no Mato Grosso do Sul.
Segundo os indígenas, por volta de 6 horas da manhã, cerca de 30 homens chegaram ao acampamento já derrubando os barracos e atirando em todas as pessoas no local.
Ainda, conforme as testemunhas, ao todo pelo menos 35 barracos foram destruídos. Eles ressaltam que o ataque teria sido realizado por fazendeiros da região. Em um mês, este já seria o sétimo ataque sofrido pelos indígenas e os criminosos ainda ameaçaram voltar logo a noite, no mesmo dia.
“Eles estão aproveitando que hoje é domingo de eleição e os servidores que nos defendem estão trabalhando. Um dos homens falou para a gente aguardar que, à noite, eles vão voltar e fazer outro ataque. Temos crianças aqui, não queremos morrer, somos humanos”, afirmou uma testemunha do local.
As vítimas dizem que já procuraram a Funai (Fundação Nacional do Índio) e que estão no aguardo da Polícia Federal para o decorrer do caso.
SEM TERRA
Anteriormente, o acampamento Sebastião Bilhar, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), próximo a Dois Irmãos do Buriti, no Mato Grosso do Sul, foi alvo de incêndio criminoso na noite de sábado (27).
O crime aconteceu após as 20h. De acordo com testemunhas, antes de atear fogo no local, um grupo estava em uma caminhonete e gritaram “Bolsonaro”, segundos depois, um dos barracos começou a pegar fogo.
Apesar da grande perda material, os moradores conseguiram conter as chamas e ninguém se feriu.
Após o crime, os proprietários dos barracos queimados foram registrar um boletim de ocorrência no município de Dois Irmãos do Buriti. A delegada responsável registrou o episódio como crime eleitoral.
O MST divulgou uma nota em repúdio ao atentado. “Nós do MST do estado do Mato Grosso do Sul, viemos expressar nossa indignação diante deste ato de violência, e dizer que é inaceitável o discurso fascista, que inspira ódio e violência entre a população. Mais uma vez somos alvos de ataque, por pessoas que reproduzem na pratica o discurso racista, fascista, homofóbico e violento pregado pelo presidenciável que está disposto a governar nosso país”, afirma a nota.