Em meio à privatização de distribuidoras e desmonte do setor elétrico nacional, o presidente da Eletrobrás Wilson Ferreira anunciou, no início desta semana, mais um Plano de Demissão Voluntária (PDV), cuja meta é desligar mais de 2,4 mil funcionários da empresa a partir de outubro.
Para Emanoel Mendes, diretor da Associação dos Empregados da Eletrobrás e Diretor do Sindicato dos Eletricitários no Rio de Janeiro, “a estratégia é deixar a Eletrobrás e suas subsidiárias enxuta. Para que o próximo governo possa vender a Eletrobrás, essa é a proposta deles”, denunciou Emanoel.
O governo se apressa para cumprir sua meta de desmantelar a Eletrobrás para tentar entregá-la à iniciativa privada (leia-se multinacionais estrangeiras). Ferreira disse que espera terminar a gestão na empresa com um quadro de funcionários reduzido, com a metade dos funcionários de quando assumiu o cargo. De acordo com o diretor do sindicato, com as privatizações das distribuidoras e programas de demissão, Ferreira pretende entregar a companhia com 12 mil funcionários no início do ano que vem. Em junho de 2016, quando Wilson Ferreira assumiu a estatal, a companhia registrava 24 mil empregados.
Segundo o diretor da Associação dos Empregados da Eletrobrás e Diretor do Sindicato dos Eletricitários no Rio de Janeiro, Igor Henrique, “as pessoas que aderiram [ao PDV] ainda nem se desligaram completamente da empresa” e destacou ainda que sem reposição de quadros, a pressão aumenta para os trabalhadores remanescentes, “pois quem vai embora são os funcionários com mais experiência, responsabilidade e tempo de casa, e a direção insiste em precarizar ainda mais as condições de trabalho, [com o novo PDV]”, disse Igor.
O governo já entregou (por valores simbólicos que chegam ao máximo a R$ 50 mil) quatro de seis distribuidoras de energia de responsabilidade da Eletrobrás, que operam no Acre, Roraima, Rondônia e Piauí, e tenta se desfazer das unidades no Amazonas e em Alagoas, mas para seguir com o plano, Temer terá que aprovar no Senado Federal um projeto de lei. A justificativa deste absurdo é que as empresas vencedoras investirão R$ 2,4 bilhões no futuro. De acordo com o Instituto Ilumina, com base em relatórios de administração da Eletrobrás, “de 2011 até 2017, apenas 7 anos, a Eletrobrás investiu R$ 8,4 bilhões, mais do que o triplo do comprometimento dos compradores e futuros arrematadores”.