A executiva nacional do PDT se reúne a partir de quarta-feira (17), para definir uma punição para os oito deputados do partido que votaram a favor do texto-base da reforma da Previdência, contrariando orientação da sigla.
Durante a semana o PDT divulgou nota dizendo que o PDT é contra a reforma da Previdência e segue na resistência. “Nós não queremos representar os neoliberais”, disse o ex-governador Ciro Gomes.
Em entrevista concedida na segunda-feira (15/07), Ciro defendeu que todos deixem espontaneamente o partido, o que seria “mais digno” do que esperar pela expulsão. Ciro criticou o que chamou de dupla militância.
Para ele, é grave a atuação do movimento “Acredito”, que ele chamou de “partido clandestino”. “Todo mundo pode participar de qualquer movimento, mas se você tem um partido clandestino para burlar a legislação que proíbe financiamento empresarial, isso é uma coisa muito mais grave”, alegou Ciro.
“Você pega um partido clandestino, que tem suas regras próprias, seu programa próprio, você se infiltra nos outros partidos e usa os outros partidos, fundo partidário, tempo de TV, coeficiente eleitoral para se eleger e fazer o serviço do outro partido? Aí é um problema de dupla militância, não tem nada a ver com a compreensão de reforma da Previdência que nós temos”, acrescentou o ex-governador.
Referindo-se à deputada Tabata Amaral, Ciro disse que “ninguém pode servir a dois senhores”.
“Eu acho que o mais digno — não quero particularizar nela (Tabata), porque foram ela e mais sete — é fazer o que eu fiz. Fui filiado e ajudei a fundar o PSDB, que tinha um programa lindo, que tinha uma série de propostas muito sérias, foi para o governo e fez o oposto. Chafurdou na corrupção, nas privatizações, na roubalheira. O que fiz? Saí”, disse ele.
O ex-ministro disse que a executiva nacional do PDT vai respeitar todos os trâmites internos, entre eles, o direito de defesa. Mas, segundo ele, todos tiveram a oportunidade de apresentar sua posição em “inúmeras reuniões” prévias convocadas pelo PDT para tratar da reforma da Previdência.
“Não quero aqui retaliar a Tabata. Mas, daqui a pouco, essa gente vai propor, por exemplo, a entrega da Petrobras. Qual é a posição dela? Daqui a pouco, essa gente vai propor a autonomia do Banco Central, para entregar de vez a economia brasileira aos quatro bancos privados que monopolizam 85% das transações financeiras. Como ela vai votar? Pela linha do partido ou pela dupla militância que ela está demonstrando?”, disse Ciro.