As centrais sindicais fizeram manifestações contra a extinção do Ministério do Trabalho, na terça-feira (11), em vários estados. Os atos aconteceram em frente às Superintendências Regionais do Trabalho.
No início deste mês (3), o futuro chefe da Casa Civil de Bolsonaro (PSL), Onyx Lorenzoni (DEM), confirmou que o Ministério do Trabalho deixará de existir e suas atribuições serão fatiadas em três ministérios.
Criado pelo presidente Getúlio Vargas na década de 30, o Ministério do Trabalho celebrou 88 anos de existência no último dia 26 de novembro. Foi através desta pasta que Vargas implantou políticas importantes, não só para os trabalhadores, como para o desenvolvimento do país, com o crescimento do mercado interno e da indústria nacional.
Em São Paulo, as centrais sindicais CTB, Força Sindical, UGT, CGTB, CSP-Conlutas, CSB, CUT, Nova Central e Intersindical se reuniram em frente à Superintendência com faixas e cartazes para protestar e tiveram, inclusive, o apoio e participação do próprio superintendente regional da pasta, em São Paulo, Marco Antonio Melchior.
Ele subiu ao carro de som para defender a instituição. “Sou auditor fiscal do Trabalho há mais de 20 anos e conheço bem a contribuição do Ministério do Trabalho (MT) para o país”, comentou Melchior enfatizando que a pasta tem “inúmeras funções importantes, que não podem deixar de existir”.
Segundo o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, “Bolsonaro defende um projeto que condena o pobre à miséria e fome, que tira direitos da classe trabalhadora e a ele lega a precarização e insegurança. Fechar o Ministério do Trabalho, para ele, é fundamental para garantir sua agenda regressiva. Ou seja, um projeto para os ricos e para os que lucram com a desvalorização, precarização e escravidão dos trabalhadores e trabalhadoras”, denunciou.
Já o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira, classificou o ministério como símbolo da Era Vargas, destacando atuação em áreas como relações do trabalho, fiscalização e inspeção. “Mais do que nunca nós vamos ter que levar a lutar pelos direitos dos trabalhadores adiante. São 27 milhões de pessoas desempregadas e no subemprego. Eles querem enviar para o Congresso uma proposta de reforma da previdência pior do que a do Temer”, lembrou Bira.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, lembrou que o fatiamento do ministério, com suas funções sendo diluídas na Economia, Justiça e Cidadania, é a continuidade de um processo de sucateamento que se aprofundou nos últimos anos. “Querem acabar com uma pasta importante. Quem perde com isso são os trabalhadores. Quem irá fiscalizar as empresas que não cumprem as normas de segurança? Como ficam os trabalhadores em situação análoga à escravidão? E o trabalho infantil, quem vai combater?”, questionou o dirigente.
Atnágoras Lopes, membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas defendeu a unidade para barrar a retirada de direitos contra a classe trabalhadora. “A CSP-Conlutas se soma a todas as centrais em defesa dos direitos e vai estender essa manifestação até o chão da fábrica, até o canteiro de obra, até o comércio, porque nenhum trabalhador dará cheque em branco para Bolsonaro nos atacar”, destacou Lopes.
Na avaliação do secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobre, ao extinguir o Ministério do Trabalho, Bolsonaro também está extinguindo o espaço de diálogo. “Vamos começar o ano fazendo grandes manifestações. Quanto mais eles reprimem, mais a gente vai para a rua”, disse Nobre. O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio, disse que as centrais irão “construir uma frente de resistência democrática ampla, sem sectarismo”.
Além de faixas e cartazes, os manifestantes, que ironizavam e criticavam a recente fala de Jair Bolsonaro de que “é difícil ser patrão no Brasil”, desfilaram com um manifestante deitado numa rede, vestido de “patrão” e carregado por “escravos”, à moda do período colonial. De acordo com os manifestantes, o teatro denúncia o favorecimento aos empresários pelo futuro presidente.