Ministério segue entregue às baratas
Negócio dele é arrochar aposentadorias, jogar na Bolsa, faturar com juros
Bolsonaro conseguiu nomear, para substituir o infortunado Vélez Rodriguez, que quase acaba com o Ministério da Educação (MEC) em três meses, um troglodita aparentemente com verniz “gerencial” (o que, rigorosamente, não quer dizer nada).
Abraham Weintraub, o escolhido depois de uma consulta ao astrólogo Olavo de Carvalho, era secretário-executivo da Casa Civil – ou seja, vice-ministro de Onyx Lorenzoni.
Disse Lorenzoni que foi ele que apresentou Weintraub – e seu irmão, Arthur, hoje assessor especial da Presidência – a Bolsonaro. Para convencê-los a se encontrar com o futuro candidato, disse Lorenzoni que “ele [Bolsonaro] era acessível e com sólida formação matemática”.
Nem perguntaremos como Lorenzoni percebeu que Bolsonaro tinha essa “sólida formação matemática”, pois é claro que ele não percebeu nada, exceto que era muito sólido falar a palavra “sólida”.
Na segunda-feira (08/02), o mesmo Lorenzoni disse, agora sobre Weintraub, que este era “um homem com uma sólida formação”.
Lorenzoni, como se sabe, é veterinário.
Em dezembro, Weintraub, em um resort de Foz do Iguaçu, foi um dos conferencistas de um encontro de desocupados denominado “Cúpula Conservadora”.
Lá, ele demonstrou sua capacidade intelectual: “Quando um comunista chegar para você com o papo ‘nhoim nhoim’, xinga. Faz como o Olavo de Carvalho diz para fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais”.
É esse sujeito que quer caçar (com cedilha) “marxistas culturais” na universidade brasileira.
“Marxistas culturais”, naturalmente, são todos os que pensam (ou seja, usam a razão, portanto, partem de “premissas racionais”).
O intelectual mais badalado nessa “Cúpula Conservadora” não foi Olavo de Carvalho, que esteve lá, nem Weintraub, mas outra capacidade ainda maior, um certo Eduardo Bolsonaro.
Foi, portanto, um encontro de altíssimo nível intelectual. Só faltou o Queiroz e aquele sujeito da milícia, condecorado por outro Bolsonaro. Ou será que eles estavam lá?
Weintraub é conhecido por sua demissão, em 2012, do Banco Votorantim – até hoje sem explicação pública. Foi, depois, sócio da Quest Investimentos, membro do comitê de trading da Bovespa e conselheiro da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord).
Portanto, seu negócio é tapear trouxas no mercado financeiro.
Mas parece que nem nisso ele é muito bom.
Porém, disse Bolsonaro, trata-se de um professor.
Como professor universitário, Weintraub (e o irmão) conseguiu emprego em uma das unidades abertas pelo PT, a Unifesp/Osasco. Deve, portanto, sua carreira acadêmica ao PT.
Mas não foi muito brilhante a sua trajetória. Aliás, Bolsonaro a ignorava. Em sua primeira nota (no Twitter, é claro), disse que “Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta”.
Depois, corrigiu: “Abraham possui mestrado em Administração na área de Finanças pela FGV e MBA Executivo Internacional pelo OneMBA”.
A maioria dos leitores, provavelmente, não sabe – o que é altamente normal – o que é OneMBA. A definição parece escrita pelo professor Rolando Lero:
“Criado em 2002, o OneMBA é um MBA executivo global que desenvolve conhecimentos sobre o real mundo dos negócios por meio de relações interpessoais e reflexões baseadas em fundamentos teóricos aplicados que permitem ao aluno repensar suas perspectivas. Imersões em residências internacionais, desafios multiculturais e uma equipe de professores globais tornam a experiência no OneMBA única em termos de credibilidade, reconhecimento e transformação na forma de compreender o mundo.”
MBA é uma especialização em administração de empresas, não um mestrado acadêmico (apesar do nome em inglês: “Master of Business Administration”).
Só falta agora a gente descobrir que Weintraub fez mestrado à distância…
BABEL
Alguns bolsonaristas disseram que a nomeação de Weintraub teve o objetivo de apagar o incêndio ateado no MEC desde a posse de Bolsonaro.
Os bolsonaristas, como se sabe, gostam de apagar fogo com gasolina.
O novo ministro não é apenas estúpido, tal como descrevemos acima.
Ele também é um ignorante – ou um mentiroso (ou os dois).
Disse ele, sobre o investimento em Educação, que “a gente vai ver que o que o Brasil gasta está no mesmo patamar que os países que estão em boas posições gastam. A gente gasta como os ricos e tem resultado dos pobres”.
Isso é mentira.
O gasto em educação por aluno, no Brasil, é um dos mais baixos entre os países monitorados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que são os principais países do mundo.
Abaixo do Brasil, em gasto por aluno, só estão a Turquia e o México (v. OCDE, Education at a Glance 2018, pp. 246-256).
No Brasil, gasta-se mais de duas vezes menos por aluno que a média dos países relacionados nesse estudo da OCDE.
O novo ministro da Educação de Bolsonaro sabe (ou deveria saber) disso, até porque houve ampla divulgação dos resultados desse estudo pelo próprio MEC (e, também, pela mídia: por ex., Gasto do PIB em educação para de cair no Brasil, mas investimento por aluno segue estagnado, diz estudo da OCDE; v., também, A pobreza da Educação x A Educação da pobreza).
Mas Weintraub prefere confundir o gasto global em termos de Produto Interno Bruto (PIB) com o gasto real, efetivo, por aluno – que é o que importa.
Pois é óbvio que um gasto de 5% do PIB do Brasil é imensamente menor que um gasto, por exemplo, de 5% do PIB dos EUA (na verdade, os EUA gastam um pouco mais que 6% do PIB com Educação; v. OCDE, Education at a Glance 2018, p. 258).
Portanto, comparar a média de gasto, em termos de PIB, dos países monitorados pela OCDE (5% do PIB) com os gastos em Educação no Brasil (5% do PIB), equivale a comparar batatas com rodas de bicicleta.
São duas coisas – dois valores, duas magnitudes – inteiramente diferentes.
Entretanto, esse vigarista acha que são excessivas as verbas para a Educação e Cultura no Brasil: “O pessoal fala que não dá pra cortar, eu vi uns 8 bilhões ali só de ONG, incentivo à cultura de não sei o que lá… Só loucura”.
Faz lembrar outro pensador, um certo Goebbels, na Alemanha Nazista: “quando ouço falar em cultura, saco o meu revólver”.
Quanto à Universidade, eis um interessante ponto de vista dessa besta: “Em vez das universidades do Nordeste ficarem fazendo sociologia, fazer filosofia no agreste, fazer agronomia com Israel, acabar com esse ódio de Israel. Israel, nas faculdades federais… é loucura o que você escuta”.
Naturalmente, como os Bolsonaro, ele também não gosta da Justiça: “O STF é um guardião da Constituição, e não um estuprador da Constituição. O que você vê ali, eu fico horrorizado”.
Já no governo Bolsonaro…
C.L.
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CADA VEZ PIORA MAIS:
“…Os comunistas são o topo do país. Eles são o topo das organizações financeiras; eles são os donos dos jornais; eles são os donos das grandes empresas; eles são os donos dos monopólios…”
(Abraham Weintraub – novo Ministro da Educação)
CRUZES! DIZEM QUE TAMBÉM FOI INDICADO PELO GURU DOS BOLSONAROS, O OSUJO DE CARVALHO.