A Justiça aceitou no domingo (10) a denúncia do Ministério Público Federal e tornou réu o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) por organização criminosa e corrupção passiva. Além de Richa, outras nove pessoas viraram rés pelos mesmos crimes. Trata-se da denúncia que investiga o pagamento de propina a Richa e outros agentes públicos por empresas de pedágio no Paraná.
Segundo o MPF, o esquema desviou R$ 8,4 bilhões por meio do aumento de tarifas de pedágio do Anel de Integração, e de obras rodoviárias não executadas. A propina paga em troca dos benefícios, conforme os procuradores, foi estimada em pelo menos R$ 35 milhões.
O Ministério Público afirmou que a partir de 2011, no governo de Beto Richa, os pagamentos de propina foram direcionados a políticos e agentes públicos do DER e da Agepar – órgão responsável por fiscalizar as concessões rodoviárias do estado. Entre os beneficiados estavam Beto Richa, Pepe Richa e Nelson Leal Júnior. Em nota, a defesa de Richa disse que irá se manifestar nos autos do processo.
A propina, conforme os procuradores, era paga sempre em espécie. As concessionárias entregavam os valores ao então diretor regional da ABCR, João Chiminazzo Neto, que os repassava a um operador financeiro responsável por distribuir aos beneficiários.
No caso de Beto Richa, a acusação diz que ele recebeu R$ 2,5 milhões em espécie, que foram usados para comprar imóveis por uma empresa em nome da esposa e de um dos filhos do ex-governador. Beto Richa chegou a ser preso no dia 25 de janeiro, na 58ª fase da Operação Lava Jato, mas foi solto por decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio de Noronha.
O MPF dividiu as acusações em duas denúncias. Essa envolve agentes públicos, como Beto Richa, Pepe Richa – irmão do ex-governador e ex-secretário de Infraestrutura e Logística do estado – e mais outras oito pessoas. Não é a primeira vez que Richa vira réu. A Justiça recebeu a denúncia contra ele, por exemplo, na Operação Rádio Patrulha, que investiga um esquema de propina para desvio de dinheiro por meio de licitações no programa “Patrulha do Campo”.