O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, insiste em dizer que tem direito a foro privilegiado no escândalo das propinas recebidas por ele da J&F em 2012 e 2014. Ele recorreu da decisão tomada no mês passado pelo ministro Marco Aurélio Mello, de enviar para a Justiça Eleitoral apuração dos repasses da JBS. Quer que o caso permaneça no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2017, o ministro de Bolsonaro admitiu ter recebido propina no valor de R$ 100 mil da holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Ele não declarou nada à Justiça Eleitoral. O dinheiro teria sido usado para financiar a campanha eleitoral de 2014 por meio de caixa 2.
O chefe da Casa Civil do governo teve a cara de pau de pedir desculpas publicamente, achando que, com isso, escaparia das garras da Justiça.
Só que, em novembro do ano passado, executivos da J&F assinaram acordo de colaboração premiada e entregaram à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma planilha comprovando que o ministro da Casa Civil não tinha ficado só nos R$ 100 mil de 2014.
Ele tinha recebido um segundo repasse, que, espertamente, ele não confessou, de outros R$ 100 mil, também por meio de caixa 2, em 2012.
Em despacho desta quarta-feira (20), Marco Aurélio Mello determinou que a Procuradoria-Geral da República se manifeste sobre o novo recurso de Onyx. O pretexto da defesa é que o ministro continuaria sendo deputado federal, mesmo que esteja licenciado do cargo para exercer um cargo no primeiro escalão do governo federal. A PGR já havia solicitado o envio para a Justiça Eleitoral e Marco Aurélio havia concordado. A defesa recorreu.