Há um mês, o mundo se chocou com a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes, executados com 13 tiros dentro do carro no bairro do Estácio, no Centro do Rio. Passado um mês do crime, atos se multiplicaram pelo Brasil e em 10 outros países em homenagens à vereadora, enquanto a polícia segue com poucas respostas sobre o caso.
As intervenções do “Amanhecer com Marielle” ocorreram em vários pontos da cidade, como no local onde ocorreu o crime, na Rua Joaquim Palhares. As manifestações também aconteceram na Cinelândia, Lapa, Maré e Manguinhos, onde os manifestantes levaram faixas e pintaram muros com as frases “Não serei interrompida e não calarão a voz de uma mulher eleita”, “Marielle Vive”, “Anderson é nosso super herói”. Já na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), os alunos penduraram uma faixa com os dizeres: “Marielle Presente”.
Houve ainda registro de intervenção no Largo do Machado. O deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) foi ao local homenagear a vereadora. “Esse momento é de dor e de saudade, mas da presença da Marielle. Faz um mês e temos o compromisso de todo dia mantê-la viva, nas lutas, nas ruas e na memória”, disse o deputado estadual, que foi chefe de Marielle na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, além de ser seu companheiro de partido.
Marcelo Freixo disse ainda que o assassinato é um dos crimes mais complexos do Rio. “Vamos cobrar que o Estado não pare. Temos respeito pelo trabalho da Delegacia de Homicídios. Somos contra a federalização (das investigações). Precisamos apoiar, mas precisamos acreditar que estão investigando” disse. Para o deputado, o “Amanhecer por Marielle” é a forma de responder à violência mostrando que a luta da vereadora cresceu após o crime. “Queremos justiça e não vingança”, completou.
Além do Rio, São Paulo contou com grandes manifestações, neste sábado, na Praça Roosevelt e na Avenida Paulista, onde uma passeata seguiu até o Teatro Municipal. França, Itália, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Portugal, Uruguai, Canadá, Suíça, Hungria, Holanda e Peru, registraram atos em repúdio ao assassinato de Marielle e cobrando a autoria do crime. No Brasil, em 13 estados aconteceram manifestações e nas capitais, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Brasília, Goiânia, Teresina, Natal e Cuiabá.
INVESTIGAÇÕES
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou, nesta segunda-feira (16), que a Polícia Civil vê a atuação de milicianos como a principal hipótese para o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes.
“Eles (os investigadores da Polícia Civil) partem de um grande conjunto de possibilidades e vão afunilando pouco a pouco. Estão, praticamente, com uma ou duas pistas fechadas. Eu diria que, hoje, apenas uma delas. Eles têm caminhado bastante adiante. Essa hipótese mais provável é a atuação de milícias no Rio de Janeiro”, disse o ministro em entrevista à rádio CBN.
Questionado sobre a demora na apuração do crime, Jungmann balizou o tempo desta investigação com os 90 dias que a polícia levou para desvendar o caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo, em 2013 e os 60 dias para concluir a investigação do assassinato da juíza Patricia Accioli, em 2011, morta na porta de casa, em Niterói.